## Presidente do Flamengo questiona parceria entre Crefisa e Vasco; Cruzmaltino rebate posicionamento
O mercado do futebol brasileiro ganhou novo capítulo de polêmica nesta semana, com o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, questionando publicamente o acordo de empréstimo firmado entre o Vasco da Gama e a Crefisa, instituição financeira presidida por Leila Pereira, também mandatária do Palmeiras[3][6]. O valor do negócio, de R$ 80 milhões, foi visto como essencial pelo Vasco para garantir sua liquidez durante o processo de recuperação judicial, mas virou alvo de críticas de dirigentes de outros clubes.
## O que diz Bap
Em entrevista ao UOL, Bap afirmou que o acordo entre Vasco e Crefisa configura um ‘conflito de interesses’, já que a empresa, historicamente associada ao Palmeiras por meio do patrocínio máster até recentemente, agora é credora de outro clube e terá, em caso de inadimplência, o direito a 20% das ações da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Vasco[3][4]. O dirigente caracterizou o pedido de ações como garantia como atípico no mercado financeiro e sugeriu um interesse da Crefisa em interferir na gestão do clube carioca.
‘Não é ilegal, é imoral. Temos um caso clássico de conflito aí. Como pode o dono de uma empresa, que já foi a principal patrocinadora de um clube, ser credor de outro e ainda ter ações como garantia?’, questionou Bap[3]. O presidente do Flamengo ainda insinuou que o negócio poderia ser um movimento estratégico para a Crefisa assumir maior participação societária no Vasco no futuro, deixando nítido seu posicionamento contrário à operação[3][5].
Bap ainda fez questão de ligar o anúncio do empréstimo à derrota recente do Vasco para o Palmeiras, o que, em sua visão, reforçaria o caráter ‘estranho’ do negócio[5]. O presidente do Flamengo reiterou que não há ilegalidade, mas que a abordagem foge aos padrões éticos esperados no futebol brasileiro.
## Reação do Vasco
Em resposta às declarações, o Vasco da Gama publicou nota oficial repudiando as colocações de Bap. O clube classificou as insinuações como ‘irresponsáveis e completamente desconexas da realidade’, reforçando que todas as decisões foram tomadas com transparência e lisura, dentro dos parâmetros legais e éticos esperados[5]. O Vasco também sugeriu que o posicionamento do presidente do Flamengo poderia ser uma tentativa de desviar a atenção de questões internas do clube rival.
‘O Vasco reafirma publicamente que conduz todas as suas decisões com total transparência, lisura e seriedade, valores que se manterão irretocáveis, mesmo diante de atitudes lamentáveis como esta’, pontuou a nota oficial[5].
## O que diz o acordo
O empréstimo de R$ 80 milhões foi considerado fundamental para o Vasco, que enfrenta grave crise financeira agravada pelo desligamento da 777 Partners, atual controladora da SAF[4][6]. Segundo o plano aprovado pela administração judicial, o recurso será utilizado prioritariamente para pagar despesas operacionais, como salários, fornecedores estratégicos, encargos trabalhistas e fiscais[2][6]. O Vasco negociou com mais de 60 instituições financeiras, mas optou pela proposta da Crefisa por entender que as condições eram as mais vantajosas[6][10].
O acordo prevê carência de 12 meses, amortizações trimestrais e quitação total em até 36 meses, além de remuneração atrelada ao CDI + 7% ao ano[4]. Caso o Vasco não honre o compromisso, a Crefisa poderá assumir até 20% das ações da SAF, podendo ainda vetar mudanças no controle societário durante o período do empréstimo[4][10]. O contrato foi enviado à 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que deve julgar ainda esta semana se aprova ou não a operação[2][6].
## O que diz o mercado
A operação ganhou respaldo do administrador judicial do processo de recuperação do Vasco, que emitiu parecer favorável à necessidade de recursos para garantir a liquidez do clube até o final do ano[2]. O acordo também foi aprovado na Assembleia de Credores, dentro do plano de recuperação judicial que segue tramitando na Justiça[2]. A eventual aprovação da transferência deve injetar R$ 70 milhões já em outubro, com parcelas subsequentes em novembro e dezembro[2].
## O debate segue
A discussão entre Flamengo e Vasco ilustra as tensões que cercam a gestão financeira dos clubes brasileiros em meio à profissionalização acelerada do futebol nacional. Enquanto uns enxergam o acordo como estratégia legítima de sobrevivência, outros apontam possíveis riscos à autonomia e à governança dos clubes. Questões éticas, de governança e de mercado seguem no centro do debate, com diferentes visões sobre o que é aceitável e o que pode ser considerado um precedente perigoso para o futuro do futebol no país.
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